Quando um carro sai de fábrica, sua chapa de aço é protegida por uma brilhante e dura camada de tinta que tem algo entre 60 e 80 mícrons (1 mícron = 1 milésimo de milímetro) de espessura. Esta camada é normalmente dividida em cerca de 20 mícrons para o ‘primmer’ que é a base da tinta e que permite a adesão da tinta à chapa de aço, e cerca de 40 mícrons para a tinta propriamente dita. No caso de tintas metálicas e perolizadas existe ainda um última camada de verniz incolor (clear cote). Esta fina camada de menos de 1 décimo de milímetro dá ao carro a aparência brilhante que esperamos ver, e ainda protege o aço contra a corrosão. A tinta brilha pois é, dentro do possível, absolutamente lisa e sem irregularidades.
DESGASTE
Ao deixar a fábrica a pintura começa a receber o ataque de poluição, raios infravermelhos e ultravioleta, panos e escovas de lava-rápidos, detergentes, etc. O resultado disso é que, com o tempo, a pintura lisa e brilhante vai ficando com pequenas irregularidades (micro-imperfeições, riscos e ondulações), comprometendo a reflexão da luz, e com isso o brilho.
POLIMENTO
O que normalmente se faz para devolver o brilho à pintura do carro, é
através do uso de polidores, remover uma pequena camada de tinta, de modo a devolver à pintura a aparência lisa. O grande problema desta operação, é que os polidores são abrasivos, isto é, são substâncias muito duras, geralmente óxidos metálicos, capazes de arrancar, por atrito, partículas da tinta. Este processo de abrasão pode ser intensificado ainda mais pelo uso de máquinas politrizes. Ao final do processo de polimento uma pequena camada de tinta foi removida, devolvendo à camada externa a aparência original e brilhante. Fica claro que este é um processo limitado e que somente deve ser usado nos casos mais graves.
CERA: ALTERNATIVA MAIS COMUM
Uma outra alternativa muito usual é o uso de ceras para a cobertura da camada pintada. Existem no mercado ceras aditivadas com polímeros sintéticos que aumentam de forma considerável a vida útil da pintura. A finalidade da cera é preencher as irregularidades criadas sobre a superfície pintada pela ação do tempo, reproduzindo o brilho da tinta nova como pode ser observado na ilustração. Ao contrário do polimento, a cera não remove a tinta por abrasão, por produzir um filme sobre a tinta, protege-a dos ataques. Uma camada pintada protegida por cera, e mantida desta maneira por enceramentos regulares, evita a necessidade de polimentos.
Além disso, existem no mercado os chamados cristalizadores. Enquanto o termo cristalização é usado de forma absolutamente aleatória no mercado, significando desde um mero polimento até a aplicação de agentes ‘cristalizadores’, a cristalização propriamente dita é a aplicação de compostos, tipo teflon e/ou silicone que apenas protegem a pintura e outros que reagem com a pintura, geralmente a base de flúor, e que formam um filme duro sobre a camada pintada. Não é recomendado o uso deste último pois esta camada dura pode trincar dando a aparência de pele de crocodilo à pintura, sendo a sua remoção bastante difícil.
O ideal é encerar o carro assim que retirá-lo da revenda, garantindo desta forma a proteção da pintura original, e novamente encerá-lo cada vez que ao jogarmos água sobre a pintura não pudermos observar as ‘bolinhas’ de água características da cera. Uma pintura permanentemente mantida protegida com cera dificilmente exigirá polimento. Caso o seu carro já tenha perdido o brilho, deve-se providenciar um polimento com o abrasivo (massa de polir) mais fina possível, providenciando uma boa encerada após o polimento. A partir deste ponto fazer como na pintura nova, mantendo o enceramento regular para evitar a necessidade de novo polimento.
QUAL CERA USAR?
As mais utilizadas são as famosas “coloridas” , a tradicional “da latinha” e ceras acrílicas “siliconadas”. As três apresentam resultados excelentes. Para carros novíssimos, as siliconadas tem resultado excelente, dispensando a cera “colorida”, que veda de forma superficial alguns riscos da lataria. A tradicional “da latinha” é rápida e eficiente, além de mais barata e em muitos casos não apresentar muita diferença da cera “siliconada”, cumprindo bem a sua função.
Fonte: Tempra Clube